Arborização de Alcântara, Calvário e Fontaínhas
Arborização de Alcântara, Calvário e Fontaínhas
Lisboa, Portugal
O Largo do Calvário foi no século XVII o terreiro de entrada do palácio de Filipe II e os edifícios que se estendem pelo seu lado Sul são ainda as fachadas das cavalariças deste desaparecido palácio. Decorre esta afirmação da análise do mapa identificado por Vieira da Silva e datado do século XVII. O estudo das descrições minuciosas de Vieira da Silva sobre Alcântara, combinado com as análises geográficas do comportamento do Tejo no seu estuário, de Orlando Ribeiro, e com as pesquisas históricas sobre o palácio permitem apresentar a
história antiga do uso do Largo do Calvário.
O projeto visa devolver ao público o largo de encontro que foi em tempos o largo do Calvário. Por um lado resolve a diferença de cota com a construção de um pequeno muro de suporte que separa a área do largo pedonal e a circulação nos dois sentidos na parte superior. Por outro o projeto aumenta, pavimenta e planta a área pedonal. Acentuando esta função de espaço pedonal, de largo de encontro é relocalizada a fonte/bebedouro de cavalos que se encontrava perdida no meio de um estacionamento. Faz este bebedouro alusão direta, também, às cavalariças que ali existiram.
A escolha das espécies de árvores para o Largo do Calvário (Catalpa bignonioides) atende ao porte que se pretende baixo e acolhedor, ao facto de serem de folha caduca, deixando passar o sol no inverno e ainda à sua floração branca de primavera. Em frente da esquadra da polícia é proposta uma única tília que naquele sítio terá naturalmente água suficiente na raiz para crescer em boas condições.
O largo das Fontainhas como se vê também no mapa antigo encontra-se na zona de sapal, sujeito a marés e foi aterrado no século XIX. Constitui sobretudo um caminho de acesso ao Largo do Calvário e como tal o desenho que se propõe acentua a função linear através de alamedas de árvores em alinhamento, que voltam a ser catalpas para dar unidade às duas intervenções.
De novo uma tília aproveita o triângulo de encontro entre as duas ruas para estender a sua copa, dando sombra e podendo vir a oferecer áreas de estadia, provavelmente para esplanadas que aí poderão vir a ser instaladas junto aos cafés e restaurantes.
A ribeira de Alcântara passa por baixo da área em estudo e apesar de ter canalizada no século XX mantém-se como uma linha de água no subsolo o que permite uma óptimo crescimento das árvores que se encontram no seu antigo leito.
Por esta razão foi feito um plano de plantação que tira partido de todos os passeios garantindo o máximo de arborização nos três sectores que constituem a área de intervenção: 1) o largo onde desemboca a R. do Prior do Crato, 2) a Rua Maria Pia e o largo onde desemboca a Rua Triste feia e 3) a rua R. João Rodrigues Miguens.
Para o Largo onde desemboca a R. Prior do Crato que actualmente funciona como largo de viragem de autocarros, o desenho que se propõe devolve ao largo o seu espaço pedonal e as duas árvores existentes serão adicionadas mais duas; Actualmente existem dois grandes plátanos que criam um espaço confortável durante o verão refrescando-o com sombra e durante o Inverno deixando cair a folha, e a estas árvores serão adicionadas mais duas. A primeira segue o alinhamento dos plátanos e com eles preenche o espaço do largo, a segunda tem uma função diferente cria um par com outra que será plantada no triângulo de passeio que liga a R. Prior do Crato com a Rua Gilberto Rola. Estas duas árvores de grande diâmetro e intensa floração em Julho são Tipunas tipu, árvores de origem brasileira muito bem adaptadas à cidade de Lisboa. Na continuação desta rua, encontram-se junto ao Museu de Arte antiga criando um efeito notável de copa alargada e floração amarela.
Para a Rua Maria Pia que tem uma arborização já quase centenária de lodãos (Celtis australis) manteve-se a mesma espécie e do outro lado da rua onde as estradas criam uma irregularidade de passeios, todo o espaço é aproveitado para 6 árvores de floração branca; as catalpas, árvores de origem oriental com copas pequenas e grandes folhas.
Para o terceiro espaço de carácter longitudinal foram escolhidas árvores de arruamento e grande robustez urbana; Zelkova serrata a plantar em caldeiras largas que permitem em simultâneo a plantação de uma sebe. A sebe que envolve cada tronco prolonga-se numa linha contínua que separa o espaço canal de arruamento da linha de comboio. Esta sebe contínua é formada por varias espécies (Escallonia rubra; Lantana camara; Melaleuca hypericifolia; Pittosporum tobira; Prunus laurocerasus; Pyracantha coccinea; Spiraea cantoniensis) todas elas capazes de responder bem ao corte anual e ao talhe em sebe.
A boa drenagem desta linha de vegetação é essencial ao bom crescimento das plantas pois encontram-se em cima da antiga linha de água da ribeira de Alcântara e sempre sujeitas às cheias do Tejo.
Coordenação de Projecto
Manuel Fernandes Sá e Cristina Castel-Branco
Assistência de Projecto
Raquel Carvalho
Área
15,5 ha
Data
2015
Observações
Construído