Brasões no Jardim da Praça do Império
Brasões no Jardim da Praça do Império
Belém, Lisboa
Os brasões florais, criados e plantados na Praça do Império em 1961, por ocasião das comemorações Henriquinas, seguiam no início, as formas detalhadas e as cores dos seus desenhos originais. As formas dos brasões em vegetação, eram difíceis de manter e foram perdendo os seus contornos, chegando ao século XXI com os brasões irreconhecíveis. E, apesar de se manter o contorno exterior em sebe talhada de buxo e com alguns elementos vegetais, não permitiam a sua identidade e a sua função de memória. Os canteiros de flores, complicados em arranjos de mosaico-cultura que visavam uma permanente exposição de cor obrigavam, a uma troca trimestral de plantas, e por isso, exigiam uma constante produção de flores em viveiro.
Na proposta de concurso e no projecto de renovação da Praça do Império, a ACB em 2016, retirou os brasões seguindo os princípios do Artigo 17º da Carta de Florença que enuncia: “Se um jardim desapareceu totalmente ou se os vestígios que restam servem apenas para traçar conjecturas sobre as suas sucessivas fases, a reconstituição não deve ser considerada um jardim histórico.”
No entanto, face ao significado que estes símbolos parecem dinamizar na memória da comunidade de Lisboa, e face à petição de mais de 12.000 pessoas saídas em defesa da memória dos brasões, relembram-se os termos de Carmen Añon, perita da Unesco-Icomos e responsável pela criação da Carta de Florença, que refere a possibilidade de respeitar os aportes. Os aportes dos jardineiros que juntaram à modernista Praça do Império, estes símbolos de saudade e pertença das cidades espalhadas pelos países de língua portuguesa. Por isso e por todo o significado que a Praça tem para todos nós, foi apresentada à CML e aos peticionários reintegrados no espaço da Praça a proposta de realizar os brasões, agora executados em calçada à portuguesa.
A solução “brasões em calçada à portuguesa” apresenta importantes vantagens:
- Corresponder ao precedente da existência de elementos figurativos em calçada portuguesa de grande qualidade na Praça do Império;
- Possibilidade de manter os novos brasões próximos da sua localização dos anos 60, sem grande alteração da obra em curso;
- Distribuição dos brasões ao longo de caminhos de 3m de largura e integração da calçada à portuguesa com os desenhos dos brasões no material de betão poroso compatibilizando os métodos construtivos;
- Capacidade de manutenção da calçada pela Câmara Municipal de Lisboa sem aumento de custos.
A solução foi apresentada aos peticionários que, aceitando o princípio, pediram que algum elemento distinguisse estes brasões da simples calçada. A equipa ACB propôs, então, que alguns dos símbolos desenhados fossem esculpidos numa pedra inteira que fosse integrado na calçada. Esta solução de compromisso foi aceite e os 30 brasões passaram a ser referidos por brasões em calçada e pedra esculpida.
Coordenação de Projecto
Cristina Castel-Branco e Carlos Ribas
Assistência de Projecto
Arquitecto Rafael Brandão Pereira e Arq. Paisagista M. Leonor Gomes Ferreira
Área
Estado
Construído
Cliente
Câmara Municipal de Lisboa
Data
2022-2023
Observações