Requalificação do Parque de Alta Vila
Requalificação do Parque de Alta Vila
Águeda
A situação da quinta de Alta Vila no cimo de Águeda encontra-se, como o nome indica, no alto da vila, desfrutando da vista aberta para o rio Águeda a Sul e sobre a fértil planura agrícola do seu leito de cheia e tem água própria de nascente que vêm já descritas no testamento de Eduardo Caldeira, seu criador. A importância que este proprietário dá à “sua” água surpreende e leva a que seja considerada como parte prioritária do projeto.
Sobre este cenário natural e este recurso que surge à cota alta da vila, Eduardo Caldeira construi o seu paraíso como era próprio dos homens da sua época que dispunham de bens. A quinta de Alta Vila é por isso um exemplo precioso de uma jardim que importa elementos estíliscos do jardin fleuriste francês, do jardim pitoresco inglês e do jardim romântico de tradição alemã, mas que inclúi um toque local através dos elementos decorativos do jardim, dos materiais, da vegetação e da própria composição do jardim.
Na proposta que agora se submete todos estes atributos identificados por visitas ao terreno, são tomados em consideração de forma a serem preservados, valorizados e devolvidos ao público com vista a poderem ser utilizados e apreciados de uma forma duradoura e respeitada. Trata-se por isso de um projeto de restauro de jardim histórico que deverá seguir os parâmetros internacionais consignados na carta de Florença (ICOMOS 1981) tendo no entanto que se adaptar à nova função.
As 10 grandes linhas de actuação para o restauro do Parque de Alta Vila são:
1. Manter o máximo de elementos que constituem a ferme ornée;
2. Maximizar as vistas para sul e para o rio;
3. Reabilitar a função agrícola do parque, adaptando-a a uma população urbana;
4. Reabilitar as “águas” referidas no testamento e visíveis no terreno de forma a que sirvam o lago, as fontes, as cisternas e eventualmente a rega;
5. Simplificar os caminhos e áreas pavimentadas melhorando a sua funcionalidade e a sua leitura, garantindo um atravessamento que ligue a parte alta à cota do rio;
6. Reconstruir o muro que permitirá ao parque defender-se do habitual vandalismo noturno, admitindo materiais novos para a reconstrução;
7. Valorizar a vegetação existente; bambusal, colecção de árvores, roseiral, palmeiras, trepadeiras e camélias, incluindo-a em destaque no plano de plantação;
8. Encontrar funções para as peças de arquitetura que lhe dão o seu carácter local como as gaiolas, a capela, a estufa e as torrinhas dos miradouros;
9. Refazer um plano de plantação com flores, mixed borders, uma coleccção de rosas, pérgolas e bosquetes que acentue o carácter romântico mas permita uma manutenção pouco dispendiosa;
10. Utilizar os materiais naturais de revestimento no novo projecto;
Partindo destas estratégias de restauro, reabilitação e recuperação, o projeto desenvolve-se através das circulações, viária e pedonal, da marca da vegetação antiga e da nova vegetação que seguirá a linha dos estilos atrás referidos. O mobiliário a introduzir segue as linhas do século XIX e propõe-se quatro novos elementos; um miradouro, uma escadaria, um parque infantil, um lago no bambusal e a relocalização de uma pérgola em ruína.
Coordenação de Projecto
Cristina Castel-Branco e Carlos Ribas
Assistência de Projecto
João Crisóstomo, Luísa Correia, M. Leonor Gomes Ferreira
Área
ha m2
Estado
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Cliente
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Data
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Observações
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